Contacto com Angosat-1 já está restabelecido
|As estações de controlo de Baikonur, no Cazaquistão, e Rovobono Sport, na Rússia, restabeleceram, ontem, o contacto com o satélite angolano Angosat-1, depois de mais de 24 horas sem sinal.
A informação foi avançada pelo secretário de Estado das Tecnologias de Informação, Manuel Gomes da Conceição Homem. Em entrevista à Rádio Nacional de Angola, o governante acrescentou que especialistas angolanos e russos trabalham para detectar as reais causas da perda do sinal do satélite Angosat-1.
“As nossas equipas, russas e angolanas, estiveram a trabalhar, arduamente, para restabelecer o contacto com o satélite. É com alguma satisfação que anunciamos que o satélite voltou a estar em comunicação com a estação terrena. Naturalmente, continuam os trabalhos de conformação, de verificação da qualidade dos serviços. Mas o mais importante é que o Angosat-1 está em órbita”, garantiu o secretário de Estado.
Manuel Homem considera ser normal a falta de contacto com Angosat-1, neste período, porque é um satélite, enquanto infra-estrutura, que vai para um ambiente novo e é normal que pudesse ocorrer alguma situação anormal de adaptação ao ambiente.
“Os técnicos continuam a trabalhar, para identificar que razões levaram a esta interrupção. Todavia, é uma situação que se prevê não voltar a acontecer, embora seja sempre imprevisível que se diga que não voltará a acontecer”, esclareceu.
O governante acrescentou que o momento exige bastante concentração e ponderação, necessários ao processo de conformação da infra-estrutura. “É, efectivamente, um processo crítico, no qual os técnicos estão bastante empenhados, de maneira a que possamos garantir que os serviços se restabeleçam com a qualidade para a qual foi desenhado o Angosat-1”, esclareceu Manuel Homem.
Em relação à continuidade do processo, o dirigente frisou que Angola tem um centro de controlo e emissão de satélite. “Neste momento, a partir de Luanda, temos contacto com o Angosat-1”.
Informações divulgadas pelos meios de comunicação do mundo confirmaram que os especialistas conseguiram restabelecer o contacto com o satélite angolano, através de sinais de telemetria enviados do aparelho. A informação foi, igualmente, certificada por uma fonte da indústria de voo espacial.
O primeiro satélite angolano AngoSat-1 foi levado à órbita pelo foguete Zenit e lançado a partir do cosmódromo Baikonur, às 20H00 (horário de Angola) de terça-feira. Depois de oito minutos de voo, o foguete separou-se do bloco acelerador Fregat, que posicionou o satélite na órbita terrestre, como planeado.
Quarta-feira, a indústria espacial comunicou a perda de contacto com o primeiro satélite angolano, que foi construído por um consórcio russo, liderado pela corporação RKK Energia.
O Angosat-1 foi construído para garantir a comunicação e transmissão de televisão por todo o continente africano. Mas engenheiros do projecto tiveram que mudar uma parcela dos detalhes, por causa das sanções. A alteração pode ter causado complicações de funcionamento do aparelho.
O satélite tem cinco dias para encontrar a sua fase geostacionária e 24 para estar na zona de trabalho. A seguir, passa para a fase de testes, para avaliar as condições atmosféricas, num período de até três meses. Após o período de testes, começa o processo de comercialização pelo Infrasat.
O Ministério das Telecomunicações e Tecnologias de Informação definiu que, para as vendas do satélite, estão reservados já 40 por cento para as operadoras, 10 por cento para os serviços de segurança e defesa nacionais e outros dez para acções sociais (como sectores da Educação e Saúde e pequenos negócios).
Os preços dos serviços do satélite são “stander” ou, seja, os mesmos praticados internacionalmente, apesar de que a estratégia do Executivo seja torná-los mais atractivos.
O Angosat-1 foi desenvolvido com o propósito de capacitar as empresas para o uso das tecnologias de comunicação mais modernas e inovadoras, possibilitando assim a promoção e o desenvolvimento de novos produtos e serviços de informação e comunicação.
O investimento do satélite foi gerido por três contratos, nomeadamente, o da construção, aluguer do segmento espacial e do segmento terrestre, que ficou avaliado em 320 milhões de dólares, financiados por um consórcio de bancos liderados pelo VTB da Rússia.
A responsabilidade do Governo angolano foi garantir a formação dos especialistas e a construção de infra-estruturas em terra, que assegurem o apoio dos serviços de gestão do satélite.